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09/08/18

Grafologia e neurociências


Extrato de carta, presumívelmente, falsificada da irmã Lúcia 
Os movimentos musculares de extensão (de baixo para cima), de flexão (de cima para baixo), de abdução (da esquerda para a direita) e de adução (da direita para a esquerda) estão na base de qualquer traçado gráfico.
O cérebro, enquanto central do sistema nervoso, tem-se desenvolvido e adaptado ao longo de milhões de anos, partindo dos elementos mais simples para os mais complexos.

A aprendizagem da escrita não se processa de modo instantâneo e momentâneo, mas por etapas sucessivas e progressivas, constituídas por séries de movimentos e de interações das diversas estruturas do indivíduo como um todo, começando pelas mais simples e avançando pelas mais complexas.
A escrita, considerada como ato mental, não prescinde das suas raízes biológicas, pois a própria mente é resultante da concretização de ações levadas a cabo por uma complexa e delicada rede de estruturas orgânicas, musculares, nervosas, emocionais e cognitivas. Estruturas essas que funcionam como um todo, estando de tal modo interligadas que não são passiveis de fracionamento, sem o risco de perderem a sua identidade e o seu significado.
Existe uma contínua interatividade entre cérebro e escrita, em que esta é condicionada pela maturação cerebral e aquele se estimula e se fortalece com a prática da escrita.
A escrita, quando evolui positivamente, reflete harmonia e equilíbrio por parte do escrevente, quando regride, devido a fatores patogénicos ou desviantes, espelha o desequilíbrio da personalidade, através de desproporções e desarmonias do enunciado.
Os grafismos consistem, pois, em conjuntos de formas individuais e únicas distribuídas no espaço com determinado ritmo, constituindo marcas significativas, capazes de permitirem a identificação do escrevente e de caracterizá-lo psicologicamente.
Dentro deste âmbito, as caraterísticas opostas de harmonia ou desproporção das formas, de pressão média ou de pressão irregular, de velocidade moderada ou de movimento agitado, de dimensão equilibrada ou desequilibrada, de ordem ou de desordem, refletirão, com certeza, emoções e sentimentos positivos ou negativos próprios do escrevente e que este dificilmente conseguirá disfarçar.
A escrita (letras ou algarismos), redigida sob as formas manual, tipográfica ou digital, inventadas e desenvolvidas pelo homem, constituem uma ferramenta essencial que permanecerá viva enquanto estiver intrinsecamente ligada ao seu progresso e bem-estar da humanidade.
O suporte ou a forma em que os carateres são apresentados pode variar, mas o papel da escrita na evocação e na memória permanentes de experiências, de eventos e de invenções constituirá um dos principais alicerces das culturas e das civilizações.
A grafologia, ao distinguir os registos falsos dos autênticos, assume uma função importante na confiança na escrita como impulsionadora do desenvolvimento das relações sociais.
                            Afonso Sousa

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