Extrato de uma carta de um Bispo de Cochim (1787) |
Com o desenvolvimento das novas tecnologias, a
escrita à mão perdeu o seu domínio. Os écrans táteis e o teclado dos
computadores substituíram em grande parte a utilização da caneta. Os postais e
as cartas, no suporte papel, foram, quase totalmente, dominados por
mensagens em formato digital, onde copiar, colar e enviar se processam com uma
velocidade nunca antes imaginável.
As pastas de arquivo estão a deixar de ser materiais
e concretas, tornando-se virtuais. A evolução extraordinária dos meios de
comunicação veio, de facto, facilitar e revolucionar a aproximação dos factos e
das pessoas. O mundo transformou-se numa aldeia global.
Perante esta
transformação eletrónica, valerá a pena continuar a aprender e a ensinar a
escrita manual?
Na Finlândia e
em alguns Estados da América do Norte, foi abolida a obrigatoriedade da escrita
cursiva, mantendo-se apenas a letra de imprensa. Justificam esta posição pela
dificuldade de aprendizagem e desperdício de tempo que seria útil para outras atividades didáticas.
As novas
tecnologias são sempre bem-vindas em qualquer atividade ou domínio do saber,
porém, a escrita eletrónica não pode substituir, mas complementar a escrita à
mão.
O aparecimento
e a utilização da escrita manual, há milhares de anos, provocaram uma revolução
semelhante à que hoje se verificou com a eletrónica. As memórias, os
conhecimentos, as descobertas e as invenções dos séculos passados teriam
desaparecido e impediriam o progresso e bem-estar da humanidade, caso não tivessem
sido fixadas, graficamente, em diversos materiais.
Investigadores
das neurociências, da medicina, da psicologia, da pedagogia e da grafologia são
unânimes no reconhecimento de múltiplas vantagens na continuidade do ensino e
utilização da escrita manual, refutando a substituição da caneta pelo teclado.
Entre os
principais benefícios da escrita manual, em relação à do teclado, mencionam:
· desenvolvimento das capacidades motora, percetiva
e cognitiva,
· fortalecimento da coordenação óculo-manual,
· maior facilidade na perceção das letras e no domínio da leitura,
· melhoria da concentração e da memória,
· conjunto de caraterísticas artísticas e criativas
que tornam único o seu autor.
Na era
digital, a escrita manual não pode perder o seu lugar nem ser considerada
obsoleta, porque se trata de um produto essencialmente humano, resultante de
uma série de movimentos coordenados pela mente, pela vista e pela mão, que constituem,
ao mesmo tempo, uma tridimensionalidade física, intelectual e emocional.
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