O automatismo deste traçado parece não deixar respirar
livremente o seu autor, dominado pelo superego e pelo excessivo respeito das
normas e das tradições.
A artificialidade desta escrita pode constituir um mecanismo
de defesa do seu autor, perante determinado sentimento de inferioridade.
Este tipo de grafismo expressa o desejo inconsciente de
querer ser diferente do que se é ou se julga ser, perante os outros. Moretti
fala, também, de outros sinais gráficos, como os “gestos fugitivos”, que são,
igualmente, manifestados pelos mecanismos de defesa de alguns escreventes.
O escrevente é capaz de camuflar as próprias fragilidades,
em prejuízo da ação dinâmica e da originalidade próprias da sua personalidade.
Esta “fuga para a frente” pode levar os sujeitos a criar uma
realidade fictícia que substitui a verdadeira realidade. Tal atitude reduz a
capacidade de autocrítica e aumenta o desejo de impor o próprio ponto de vista.
Estes e outros mecanismos de defesa fazem parte de cada
processo psíquico, sendo alheio à vontade do sujeito, que, assim, tenta resguardar-se,
ocultando as suas limitações reais ou imaginárias, perante a sociedade e o meio
envolvente.
O indivíduo, que se apresenta mascarado perante os outros,
ao condicionar-se pelo meio ambiente, deixa de ser ele próprio.
Estes padrões de comportamento podem atingir todas as
atividades e, neste caso, a da escrita. A análise desta permitiria obter uma
melhor compreensão da organização dinâmica da personalidade do escrevente.
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