Esta é última página da carta que a Infanta Cristina de
Espanha enviou ao seu irmão Filipe VI, atual rei de Espanha, em princípios de
junho, solicitando a renúncia ao título de Duquesa de Palma de Maiorca, a fim
de evitar a contaminação da Coroa, devido aos processos judiciais em que a
Infanta e o marido são acusados.
A opção por uma redação manuscrita, em vez da utilização do
computador, permite-lhe expressar de modo mais intenso a sua personalidade e
intimidade, não apenas através do conteúdo, mas também das marcas deixadas pelo
fio de tinta no espaço da folha de papel.
De facto, esta carta contém as caraterísticas necessárias
para uma boa análise das tendências biopsicológicas da personalidade da sua
autora, expressas com espontaneidade, abundância e originalidade.
A carta é constituída por quatro folhas e está escrita a
tinta azul.
Principia a saudação com a palavra “Majestade” e finaliza
com a expressão “Infanta de Espanha”.
A escrita apresenta-se simples, legível e sem os exageros
ornamentais que seriam de esperar em estratos sociais elevados.
Os carateres maiúsculos, as hastes e pernas estão reduzidos
à sua expressão mais simplificada. Apenas o “C” final de “Cristina”, na
assinatura, se eleva verticalmente e prolonga na horizontal para sustentar o
nome, terminando encurvado para a esquerda.
A velocidade, movimento e ritmo materializam-se, com
naturalidade, neste grafismo vertical ou ligeiramente inclinado para trás.
As numerosas formas em grinalda e a quase ausência de
ângulos são caraterísticas típicas da feminilidade.
Acentuação e pontuação precisas e pouco exuberantes
coadunam-se com o formato do texto.
A dimensão das letras é moderada e grande parte delas estão
desligadas no interior das palavras. As linhas encontram-se ligeiramente
onduladas, encontrando-se afastadas umas das outras e formando a margem
esquerda crescente e a margem direita bastante livre e irregular.
Como gestos-tipo, observam-se as letras “ll” resumidas a
simples traços descendentes, os “tt” com a barra a partir da base das hastes e
os “ee” a constituírem um misto entre género caligráfico e tipográfico.
O levantamento das caraterísticas patentes neste documento
constitui apenas uma simples amostragem, sem o propósito de uma análise extensa
e nem intensa.
Dispensando-me de interpretações psicológicas das
caraterísticas apresentadas, concluo, apenas, que a ausência de formas gráficas
elaboradas assentam bem numa personalidade que renuncia ao título de Duquesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário