Apresenta-se como natural a atribuição de significados diferentes
à inclinação e à inversão dos grafismos.
Apesar de não se poderem atribuir caraterísticas
psicológicas à personalidade do escrevente quando os parâmetros gráficos surgem
isolados do seu contexto, uma simples observação de algumas escritas ou
pinturas leva-nos a destacar tendências diferentes ou mesmo opostas.
É o caso do simbolismo
expresso pelas figuras presentes no quadro de Filipe de Champanhe, pintor
barroco francês do século XVII, sobre a aparição do Anjo. A posição das
personagens ilustra bem o significado que o artista lhes pretende atribuir: o avanço do Anjo e o recuo da Virgem.
O pintor apresenta-nos a Virgem surpreendida e retraída com
as palavras do Anjo. Aquela não contava com semelhante notícia. Por tal facto,
coloca-se numa posição de defesa, inclinando-se para trás. Com esta atitude,
Maria manifesta prudência e uma certa timidez.
O Anjo, pelo contrário, inclina o corpo para frente, projetando-se
sobre a Virgem e apresentando-se cheio de energia e de iniciativa.
Maria, numa atitude introvertida, parece recuar, ao passo
que o Anjo, manifestando-se extrovertido, avança em sua direção, interpelando-a
e considerando-se seu protetor.
Esta posição do corpo da Virgem tem um significado comparável
ao da escrita inclinada para trás e a posição do corpo do Anjo assume um
sentido semelhante ao da escrita inclinada para frente.
Também os adolescentes, especialmente as meninas, numa fase
da vida em que lhes surgem tantos obstáculos, têm tendência a inverter a
escrita. Trata-se de uma atitude natural, se a inversão for pouco pronunciada e
limitada no tempo. No entanto, pode constituir um sinal de alarme para os pais,
para o psicólogo ou para o grafólogo, quando aquela for muito acentuada e se prolongue
temporalmente.
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