Há gestos que, por vezes, fazem a diferença. Trata-se de gestos típicos ou fugitivos, uma espécie de tique gráfico que o escrevente pode apanhar. São formados a partir de comportamentos conscientes que, ao longo do tempo, se vão transformando em atitudes inconscientes e passam a fazer parte da própria escrita personalizada.
Assim sendo, um gesto típico não é o resultado da ação de um músculo ou de um órgão isolados, mas um ato de um indivíduo total, de uma pessoa singular.
O falsificador profissional
procurará disfarçá-los, mas no próprio disfarce deixa o seu rasto e compete ao perito
da escrita manual saber detetá-lo e interpretá-lo.
O quesito aqui colocado é o
seguinte: Qual dos funcionários terá sido o autor de uma declaração anónima? Os
suspeitos, com grande prática de escrita, aceitam escrever meia dúzia de palavras que constam na declaração em
causa (mas os suspeitos desconhecem que tais termos fazem parte do texto anónimo). Um dos termos é a palavra “cêntimos”.
A grafia deste vocábulo apresenta-se
arredondada, anelada, sinistrogira, gladiada, rápida, ascendente, com a zona média
predominante, com os eixos literais ligeiramente inclinados para a esquerda e
com letras espaçadas e largas. E posso acrescentar que se trata de uma escrita
feminina. O que não significa que se deva atribuir a priori a uma senhora, porque há
homens que fazem escrita feminina e senhoras que produzem escrita masculina.
Um dos suspeitos,
neste caso, do sexo feminino, posto perante a evidência dos factos, assume, de
imediato a autoria do escrito.
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