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27/04/10

Velocidade da Escrita (1)

Conforme tinha prometido, inicio a publicação do meu estudo sobre a Velocidade da Escrita junto de alunos do 1º ao 12º ano de escolaridade: trabalho já publicado pela Universidade Autónoma de Barcelona.
Do método seguido e das conclusões retiradas, irei dando conta nesta página.
Para facilitar a leitura sequencial do tema, criei a etiqueta "Velocidade da escrita", onde serão arquivados e numerados os vários capítulos.


Considerações iniciais


Robert Saudek (1880-1935), importante grafólogo checo, considera que a avaliação da rapidez da escrita é um dos principais meios para distinguir uma escrita natural de outra menos natural. Por isso, para este autor, uma das tarefas fundamentais da grafologia consiste em avaliar a velocidade da escrita. Os mesmos sinais gráficos duma escrita rápida ou lenta assumem significados diferentes. Devido à importância que atribuiu à velocidade da escrita, estabeleceu uma tabela com os parâmetros de rapidez e de lentidão.


J. Crépieux-Jamin (1859-1940), fundador da escola francesa de grafologia, concebe a escrita como movimento e inclui a velocidade entre os sete géneros da escrita. Ela revela a vitalidade motora e a rapidez de pensamento.


Max Pulver (1889-1952) apresenta vários sinais que permitem a distinção entre escrita veloz e lenta. Recorda que a direcção, a forma e a dimensão do traçado fazem variar a velocidade e que todo o movimento da direita para a esquerda a retarda. Na escrita rápida, este autor vê uma tendência para extroversão.


Girolamo Moretti (1879-1963), notável figura da grafologia italiana, também analisa a velocidade da escrita e afirma que esta indica rapidez em todas as coisas e, portanto, tendência a amontoar e a prestar pouca atenção aos particulares.


Desde a mais tenra idade, a criança através das garatujas comunica, descarrega a agressividade, coordena movimentos, ganha autoconfiança e promove a criatividade.


A realização do acto gráfico implica e desenvolve capacidades motoras, visuais, espaciais, linguísticas, mnemónicas e a estabilidade emotiva.


Se a escrita pode ser definida como uma linguagem do inconsciente que espelha a personalidade do indivíduo, a velocidade com que é feita ajuda a determinar o grau de actividade e a rapidez de raciocínio do escrevente.


A análise das garatujas, dos desenhos e da escrita pode servir para traçar o percurso evolutivo do aluno, nas vertentes psicomotora, intelectual e emocional.


È muito importante que a criança escreva com facilidade, simplicidade e legibilidade, devendo ser-lhe ensinadas as posições correctas do corpo e dos membros, bem como as técnicas mais apropriadas para pegar no lápis ou esferográfica e para segurar o papel.
A escrita é uma actividade rica e com um elevado grau de complexidade, visto que nela intervém vários componentes do organismo como músculos, sistema nervoso e cérebro.


Entre os seis e os dez anos de idade, ocorrem mudanças significativas na escrita dos alunos.



A análise da escrita não substitui, mas complementa e, juntamente, com outros instrumentos permite detectar potencialidades do aluno, possíveis handcaps, factores da instabilidade, dificuldades de relacionamento, nível de auto-estima ou de agressividade e descontrolo do desenvolvimento grafomotor. Ao mesmo tempo, respeitando as etapas do desenvolvimento da personalidade da criança, propõe e apresenta métodos de reeducação.


Em relação a outros testes de personalidade ou projectivos, o teste grafológico tem a vantagem de poder ser efectuado na ausência do escrevente, evitando, assim, situações de ansiedade.


Os distúrbios da escrita têm consequências negativas sobre a escolarização, sobre inserção na escola e na sociedade, sendo, em tais situações, necessária a sua reeducação. Estou convicto que as dificuldades disgráficas, tantas vezes associadas à dislexia, não desaparecem por si, mas unicamente mediante uma adequada intervenção.

Figura B – 2.º ano, masculino, 7 anos e 6 meses de idade, 94 letras por minuto à velocidade máxima



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