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20/07/08

Jules Crépieux-Jamin

  • Jules Crépieux-Jamin (1858-1940), médico francês, discípulo de Michon, fez modificações às teorias do mestre (deixando de atribuir valor fixo aos sinais gráficos) e iniciou um novo método de análise grafológica, melhor fundamentado psicologicamente, concebendo a escrita como movimento. Ele é, geralmente, considerado o verdadeiro fundador da grafologia. Criou a École Française (1929), publicou, além de outros títulos, L`Écriture et le caractère (1888), Traité pratique de graphologie, Les éléments de l'écriture des canailles e ABC de la Graphologie (1927), a sua obra clássica, que teve duas edições em português (1943). O autor estabeleceu que o movimento gráfico e, por conseguinte, toda a escrita, apresentava sete características (géneros) fundamentais que, por sua vez, se subdividem em centenas de espécies:
  • A ordem consiste na distribuição das letras, das palavras e das linhas no espaço e relaciona-se com a capacidade de adaptação do escrevente.
  • A dimensão consiste no tamanho das letras e está relacionada com a expansão dos impulsos e necessidades.
  • A forma consiste no formato ou modelo de escrita e pode evidenciar os interesses e preocupações.
  • A direcção é a trajectória seguida pela linha base da escrita e pode assinalar as variações de humor ou estabilidade.
  • A pressão é a força exercida sobre o papel, podendo indiciar energia ou vitalidade.
  • A velocidade traduz-se na rapidez do traçado, sendo capaz de evidenciar actividade e inteligência.
  • A continuidade é o estilo de ligação entre as letras e palavras, podendo assinalar intuição e constância.


Estes géneros ainda hoje são estudados pelos grafólogos e é através da sua análise que se chega às várias características da personalidade do escrevente. Para Crépieux, não se pode interpretar o movimento da escrita, sem ter em consideração o contexto em que se apresentam as várias espécies. O autor formulou a teoria das resultantes, produto de vários sinais, e assim se expressa: "Todo o sinal gráfico sofre influências de um outro sinal". E para avaliar o contexto global, Crépieux criou os conceitos de harmonia e de desarmonia, que serviam para caracterizar certos valores da personalidade. Ele demonstrou, ainda, que a idade e o sexo não podiam ser determinados pelos sinais grafológicos.
Como já referi neste blog, foi com o caso do hebreu Alfred Dreyfus, em 1894, que a grafologia judicial ganhou imenso relevo, ao descobrir o verdadeiro autor dum documento falsificado que levou aquele judeu, oficial do exército francês, ao exílio e mesmo à prisão. Crépieux-Jamin, quando lhe foi entregue a peritagem, em vez de se basear unicamente na comparação das simples letras, concentrou, especialmente, a sua atenção sobre os sete géneros atrás referidos. A falsificação da letra de Dreyfus foi, então, atribuída ao verdadeiro autor, um seu companheiro de armas e oficial francês, Esterhazy, que foi incriminado. Dreyfus foi consideradado inocente e libertado. No desencadeamento deste processo teve um papel fundamental um artigo do escritor Émile Zola, no jornal L`Aurore, em 13 de janeiro de 1898, com o título J`accuse (Eu acuso).
Crépieux era um grafólogo de espírito aberto, afirmando que os conceitos e as terminologias devem mudar com as épocas e com as mudanças da sociedade. Ulteriores investigadores grafológicos, como Ludwig Klages, Max Pulver e Saudek seguem as suas pegadas.

3 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Extraordinária apresentação. Obrigado por compartilhar seu conhecimento.

O amigo teria interesse em ministrar aulas para leigos?

Estamos constituindo uma Universidade Livre, sede no Brasil, estamos estudando estabelecer um curso de grafologia antiga e moderna, cursos on line.

rede social:

http://numerosdopoder.ning.com

forte abraço do Brasil,

Prof. Luis Felipe Klein

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.