NOVIDADES

13/12/19

Escrita com o pé


Esta senhora, com cerca de 70 anos, pintora, privada do uso das mãos desde a nascença, escreveu duas cartas, uma em 2006 e outra em 2019, das quais reproduzo a frase final que igual de cada uma delas.
Como a senhora afirmou, as cartas foram escritas com o pé direito, sendo a caneta é segurada entre os dedos polegar e o indicador.
Destaca-se a grande semelhança de vários traços específicos. Apesar do intervalo de tempo de 13 anos, as alterações do traçado são pouco significativas.  
A direção das palavras mantem-se horizontal, uma vez que são traçadas sobre linhas a lápis que, posteriormente, foram apagadas, segundo informações das colegas da autora.
Quase todas as letras estão escritas em “script”, motivo por que aparecem desligadas nas palavras.
Destaca-se, logo no início da frase, o remate do “O” maiúsculo com um traço que penetra no oval desta vogal.
As hastes e as pernas mantêm uma ligeira concavidade à esquerda que reflete a permanência de determinadas caraterísticas da personalidade da escrevente ao longo dos anos.
A velocidade da escrita parece ser baixa, atendendo à realização de algumas letras com interrupções do traçado e à acentuação precisa e alinhada verticalmente com a letra acentuada.
Em ambas as cartas, as vogais “o” e “e” têm uma dimensão inferior à das outras letras.
As consoantes “R”,”S” e “Ç” evidenciam-se pela sua dimensão superior.
A vogal “a” aparece três vezes de modo caligráfico, com um pequeno traço no remate final.
Os “mm” são em arcada, iniciando com um movimento descendente e terminando com uma pequena curva em grinalda.
Duas barras dos “tt” da carta de 2019 baixaram para a zona média – ligeira alteração explicada pela distância temporal.
Estas curtas observações pretendem destacar determinadas caraterísticas que se mantêm e outras que evoluíram.
Na verdade, qualquer tipo de escrita feita à mão, com os pés ou com a boca pode ser servir para identificar o seu autor e para qualificar a sua personalidade.
Afonso Sousa

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