Esta senhora, com cerca
de 70 anos, pintora, privada do uso das mãos desde a nascença, escreveu duas
cartas, uma em 2006 e outra em 2019, das quais reproduzo a frase final que igual
de cada uma delas.
Como a senhora afirmou, as cartas foram
escritas com o pé direito, sendo a caneta é segurada entre os dedos polegar e o
indicador.
Destaca-se a grande semelhança de vários
traços específicos. Apesar do intervalo de tempo de 13 anos, as alterações do
traçado são pouco significativas.
A direção das palavras mantem-se
horizontal, uma vez que são traçadas sobre linhas a lápis que, posteriormente,
foram apagadas, segundo informações das colegas da autora.
Quase todas as letras estão escritas em
“script”, motivo por que aparecem desligadas nas palavras.
Destaca-se, logo no início da frase, o
remate do “O” maiúsculo com um traço que penetra no oval desta vogal.
As hastes e as pernas mantêm uma ligeira
concavidade à esquerda que reflete a permanência de determinadas caraterísticas
da personalidade da escrevente ao longo dos anos.
A velocidade da escrita parece ser baixa,
atendendo à realização de algumas letras com interrupções do traçado e à
acentuação precisa e alinhada verticalmente com a letra acentuada.
Em ambas as cartas, as vogais “o” e “e”
têm uma dimensão inferior à das outras letras.
As consoantes “R”,”S” e “Ç” evidenciam-se
pela sua dimensão superior.
A vogal “a” aparece três vezes de modo
caligráfico, com um pequeno traço no remate final.
Os “mm” são em arcada, iniciando com um
movimento descendente e terminando com uma pequena curva em grinalda.
Duas barras dos “tt” da carta de 2019
baixaram para a zona média – ligeira alteração explicada pela distância
temporal.
Estas curtas observações pretendem destacar
determinadas caraterísticas que se mantêm e outras que evoluíram.
Na verdade, qualquer tipo de escrita feita
à mão, com os pés ou com a boca pode ser servir para identificar o seu autor e para
qualificar a sua personalidade.
Afonso Sousa
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