S. Freud (1856-1936) falava da consciência como a parte visível dum iceberg mental e C. Jung (1875-1961) descobriu que existe em cada pessoa algo inconsciente (primário e instintivo) que procura a oportunidade de se manifestar no momento oportuno, sem que tal facto se torne consciente.
O acto da escrita é como uma roupagem que esconde ou protege a imagem do escrevente, exibindo atributos ou escondendo defeitos, que transparecem nas suas projecções inconscientes.
Quando os movimentos gráficos tendem a expandir-se e a volver-se para a direita pode ser indício de o escrevente sentir mais energia; se as palavras estão distantes umas das outras pode significar que o escrevente se pretende autoproteger, defendendo o próprio território; e, se existem cortes, omissões, rasuras e interrupções, pode ser sinal de insegurança, incongruência e instabilidade emocional.
A escrita costuma, assim, ser interpretada simbolicamente. Mar Pulver (1989-1952) atribuiu uma dimensão simbólica ao modo de ocupação do espaço da folha de papel. Por exemplo, uma escrita microscópica costuma associar-se a sujeitos inibidos e uma escrita de grandes dimensões, a sujeitos extravagantes.
Cabe ao perito, com uma boa formação psicológica, interpretar as emoções que ficam marcadas, apesar do sujeito escrevente não ter delas consciência.
De facto, o inconsciente ocupa uma grande dimensão dentro do ser humano. As contradições que marcam, tantas vezes, determinada personalidade, são ocasionadas por factores inconscientes não admitidos, que acabam por vir ao de cima sob a forma de lapsus calami (escorregadelas), porque não reconhecemos que a maior parte do iceberg está submerso.
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