O grafólogo, como
outros profissionais das ciências humanas, dificilmente se despe por completo
das suas expetativas e da perceção imediata que lhes proporcionam os grafismos em
análise.
Na caraterização de uma personalidade através da escrita e, especialmente, na perícia da escrita
manual, a atitude mais incorreta seria pensar: “Eu estou certo, os outros estão
errados”. Procedendo deste modo, a sua atitude mental fá-lo-ia esquecer que esta
ciência não é exata e que ele é capaz de errar ou de acertar tanto ou mais do que outros.
O grafólogo, após ter conhecimento, que determinado
documento foi elaborado por um indivíduo, supostamente, homicida, terá tendência
a valorizar determinadas marcas que costumam ser encontradas num serial killer, podendo, porém, tratar-se de uma
pessoa sociável e eticamente bem formada, que terá agido, ocasionalmente, em
legítima defesa.
Compete-lhe inventariar e
valorizar de igual modo as diferenças e as semelhanças, colocando-as, equitativa
e ponderadamente, nos pratos da balança, antes de avançar para conclusões
precipitadas, e evitando a sobrevalorização das diferenças em detrimento das semelhanças
ou vice-versa.
As conclusões não devem dar
um passo à frente das fundamentações e, qualquer conclusão, que seja hoje considerada
definitiva, pode deixar de o ser amanhã, logo que sejam encontradas novas provas
documentais mais pertinentes que contrariem as primeiras.
O cérebro recebe e
interpreta os vários sinais gráficos em função dos próprios sentimentos e
emoções, deixando pouco espaço para as variantes que não se enquadrem dentro
das suas expetativas: expetativas negativas “geram” marcas negativas e expetativas
positivas favorecem os traços positivos.
Se não é possível a
libertação completa da própria subjetividade, o mais importante é que esses vestígios ou pegadas
sejam assumidos como tal.
Apesar da coloração
subjetiva por parte do grafólogo, a experiência pessoal e o senso comum
relembram-nos a cada momento que o perfeito conhecimento de nós próprios e das
nossas tendências é um dos melhores suportes para a realização de uma boa
análise e da extração duma conclusão mais lógica e equilibrada.
Todos os grafismos são
diferentes, mesmo se saídos do mesmo indivíduo e todos são únicos se forem
realizados por indivíduos diferentes, porque cada escrevente como ser humano tem
uma identidade própria e uma entidade específica.
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