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16/12/09

Ludwig Klages

Friedrich Konrad Eduard Wilhelm Ludwig Klages (1872-1956) foi filósofo, psicólogo e grafólogo alemão. Sofreu algumas influências de Friedrich Nietzsche. Fundou a Sociedade Alemã de Grafologia. Entre as obras que escreveu contam-se Os problemas de grafologia (1910), a obra clássica A Escrita e o Carácter (1917) e Introdução à psicologia da escrita à mão (1924).

Klages criou o conceito de formnivel (nível de forma) que expressa a energia vital ou intensidade de vida. O formnivel positivo ou negativo refere-se ao conjunto (visão global) da grafia e não apenas ao género forma. Para este filósofo e grafólogo em cada ser humano existem dois princípios – o espírito e a vida – sempre em perpétua luta entre si.

Em Klages, cada sinal gráfico pode ter vários significados, dependendo do ritmo pessoal da escrita. Com ele a grafologia adquire, na Alemanha, o estatuto de ciência e passa a ser ensinada na Universidade.

Para este autor, nas escritas com maior irregularidade predomina a vontade e naquelas com menor irregularidade, a falta de força de vontade (domínio de instintos, impulsividade, paixão e impetuosidade). Mas uma escrita irregular pode ser de um aventureiro errante, sem carácter, ou de um génio como Beethoven, com impetuosidade e paixão. Por isso, não se pode olhar apenas à regularidade ou irregularidade da escrita, mas em primeiro deve-se colher o ritmo.

Para apreciar o ritmo, Klages aconselha o grafólogo a inverter o texto (a voltar a folha debaixo para cima), a fim de se livrar de qualquer preferência pessoal e obter uma imagem pura do substrato da escrita. Quanto mais natural for a letra maior formnivel possui. O autor tem sempre presente o dualismo expressivo dos sinais gráficos: “a continuidade do movimento sem perturbações do traçado é tanto sinal de calma como de falta de sensibilidade” (A escrita e o carácter). A vida manifesta-se através do ritmo e este é uma manifestação primordial da vida que está constantemente no início. O espírito reprime o ritmo, através da força reguladora da norma. Cada movimento humano tem uma forma original, incluindo o movimento gráfico. Uma escrita será tanto mais original quanto mais profundo for o grafismo. Qualquer exagero diminui o nível do valor expressivo do sinal gráfico. A proporção e a regularidade aumentam o formnivel.

O autor recorda que é preciso medir a intensidade do impulso vital e a intensidade da resistência, porque pode haver um grande impulso e uma maior resistência ou um pequeno impulso sem resistência. Exemplifica com o caso de duas crianças que perante o desejo de colher uma tulipa, uma colhe-a imediatamente e a outra abstém-se. Mas a que se abstém pode ter maior desejo (maior impulsividade instintiva) do que a criança que a colhe, mas ficar inibida por medo da punição (força antagónica). Segundo a teoria de Klages, a própria vida alimenta um instinto e o seu contrário para que ambos adquiram uma força que os leve a afirmarem-se como riqueza de vida ou vacuidade, impulso ou sua ausência.

Assim, como cada canção tem o seu ritmo (que não se confunde com compasso porque este não tem alma, é mecânico), cada ser humano tem o seu ritmo de vida, espécie de onda original que produz sempre formas semelhantes, mas nunca iguais, porque “o ritmo é a manifestação primordial da vida”. O relógio e o compressor, diz Klages, têm ambos compassos, mas não têm ritmo. A vida da escrita está na força do seu nível formnivel, no seu movimento original. A força criadora do grafismo pode não ser completamente harmónica, como é o caso da escrita de Beethoven, mas que tem uma força criadora indiscutível.

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