- Jules Crépieux-Jamin (1858-1940), médico francês, discípulo de Michon, fez modificações às teorias do mestre (deixando de atribuir valor fixo aos sinais gráficos) e iniciou um novo método de análise grafológica, melhor fundamentado psicologicamente, concebendo a escrita como movimento. Ele é, geralmente, considerado o verdadeiro fundador da grafologia. Criou a École Française (1929), publicou, além de outros títulos, L`Écriture et le caractère (1888), Traité pratique de graphologie, Les éléments de l'écriture des canailles e ABC de la Graphologie (1927), a sua obra clássica, que teve duas edições em português (1943). O autor estabeleceu que o movimento gráfico e, por conseguinte, toda a escrita, apresentava sete características (géneros) fundamentais que, por sua vez, se subdividem em centenas de espécies:
- A ordem consiste na distribuição das letras, das palavras e das linhas no espaço e relaciona-se com a capacidade de adaptação do escrevente.
- A dimensão consiste no tamanho das letras e está relacionada com a expansão dos impulsos e necessidades.
- A forma consiste no formato ou modelo de escrita e pode evidenciar os interesses e preocupações.
- A direcção é a trajectória seguida pela linha base da escrita e pode assinalar as variações de humor ou estabilidade.
- A pressão é a força exercida sobre o papel, podendo indiciar energia ou vitalidade.
- A velocidade traduz-se na rapidez do traçado, sendo capaz de evidenciar actividade e inteligência.
- A continuidade é o estilo de ligação entre as letras e palavras, podendo assinalar intuição e constância.
Estes géneros ainda hoje são estudados pelos grafólogos e é através da sua análise que se chega às várias características da personalidade do escrevente. Para Crépieux, não se pode interpretar o movimento da escrita, sem ter em consideração o contexto em que se apresentam as várias espécies. O autor formulou a teoria das resultantes, produto de vários sinais, e assim se expressa: "Todo o sinal gráfico sofre influências de um outro sinal". E para avaliar o contexto global, Crépieux criou os conceitos de harmonia e de desarmonia, que serviam para caracterizar certos valores da personalidade. Ele demonstrou, ainda, que a idade e o sexo não podiam ser determinados pelos sinais grafológicos.
Como já referi neste blog, foi com o caso do hebreu Alfred Dreyfus, em 1894, que a grafologia judicial ganhou imenso relevo, ao descobrir o verdadeiro autor dum documento falsificado que levou aquele judeu, oficial do exército francês, ao exílio e mesmo à prisão. Crépieux-Jamin, quando lhe foi entregue a peritagem, em vez de se basear unicamente na comparação das simples letras, concentrou, especialmente, a sua atenção sobre os sete géneros atrás referidos. A falsificação da letra de Dreyfus foi, então, atribuída ao verdadeiro autor, um seu companheiro de armas e oficial francês, Esterhazy, que foi incriminado. Dreyfus foi consideradado inocente e libertado. No desencadeamento deste processo teve um papel fundamental um artigo do escritor Émile Zola, no jornal L`Aurore, em 13 de janeiro de 1898, com o título J`accuse (Eu acuso).
Crépieux era um grafólogo de espírito aberto, afirmando que os conceitos e as terminologias devem mudar com as épocas e com as mudanças da sociedade. Ulteriores investigadores grafológicos, como Ludwig Klages, Max Pulver e Saudek seguem as suas pegadas.
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ResponderEliminarExtraordinária apresentação. Obrigado por compartilhar seu conhecimento.
ResponderEliminarO amigo teria interesse em ministrar aulas para leigos?
Estamos constituindo uma Universidade Livre, sede no Brasil, estamos estudando estabelecer um curso de grafologia antiga e moderna, cursos on line.
rede social:
http://numerosdopoder.ning.com
forte abraço do Brasil,
Prof. Luis Felipe Klein
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